Todo dia, o despertador me acorda sempre ao mesmo horário: 6h e 45 min. Saio do meu quentinho e seguro cobertor, para encarar esse mundo frio e perigoso, cheio de deveres de casa e professores.
Depois de tomar café, arrumar a mochila e pegar o lanche, dirijo-me ao grande monstro de metal, suspenso por quatro rodas que giram, movem o monstro de metal que me leva até aquele lugar temido por muitos e adorado por poucos... a escola.
Fingindo felicidade, reencontro meus amigos e colegas que sorriem, cumprimentem-me ou riem de mim, porque simplesmente estou com o tênis desamarrado ou com a camisa furada embaixo do sovaco. Conversamos, fico por dentro das últimas novidades até que soa o sinal. Cada um para sua sala, sentados nas classes esperando a professora. Ela entra com um falso sorriso e um “bom dia” forçado, porque terá de agüentar aqueles alunos sujos, mal-educados e imprestáveis, depois de ter passado a noite inteira corrigindo provas com incalculáveis e absurdos erros de ortografia.
Começa a aula, a professora pede silêncio, o que é inútil. Aí ela grita: “um, dois... três!”. Todos se calam e prestam atenção na professora. Ela pede gentilmente: “Quem fez o tema?”. O silêncio na sala é total, alguns ainda tentam o velho golpe do “Meu tema tá aqui dentro da mochila... Ah não! Alguém roubou meu tema, chama a polícia, eu botei dentro da mochila ao sair de casa, juro!”. Isso só deixa a professora mais irritada, mas que se danem. “Eu fiz meu tema e tá aqui dentro da mochila, hum, deixa eu ver, opa! Não tá aqui, esqueci em cima da mesa ao sair de casa...”.
Mateus Redin